TEMA
Feira de ciências - Reciclagem
TÍTULO
“Pequeno inventor, em busca de um
planeta sustentável”
OBJETIVO GERAL
ü Utilizar a
tecnologia para a aprendizagem e prática dos alunos sobre suas invenções, e
explicar e entender sobre a importância da reciclagem.
OBJETIVOS
ESPECÍFICOS
ü Entender e conhecer
os vários tipos reciclagem de diferentes objetos e matérias;
ü
Estimular nos alunos a aprendizagem de novas experiências e
invenções.
ü Buscar novos
recursos pedagógicos e utilizá-los de forma consciente e responsável;
ü Trabalhar de forma
criativa, buscando o interesse dos alunos ao conhecimento sobre como reciclar,
e a importância da reciclagem;
ESPAÇO FÍSICO
As atividades serão desenvolvidas e praticadas na sala de aula, sala de
vídeo, e um espaço para amostras dos trabalhos e inventos.
JUSTIFICATIVA
É
importante que os alunos tenham consciência sobre a importância da reciclagem
seletiva do lixo para o meio ambiente e obtenham o conhecimento sobre a
importância da preservação do meio ambiente; importância da reciclagem no
cotidiano; utilizando recursos como a leitura e escrita, alem da utilização
de recursos tecnológicos como
o uso de vídeos, fotos textos, jogos educativos, blogs e outros mais.
Todos
os seres da natureza dependem do meio ambiente para sobreviver. Logo os bens da
terra são patrimônios de toda humanidade. Seu uso deve esta sujeita a regras de
respeito às condições básicas a vida em sociedade, e dentre elas a qualidade de
vida dos que dependem desses bens.
O
convívio escolar será um fator determinante para aprendizagem de valores e
atitudes. Considerando a escola como um dos ambientes mais imediatos do aluno,
relações a ela se darão a partir do próprio cotidiano da vida escolar do aluno
(PCN`s, 2001).
Desde muito cedo o homem demonstrou-se
inteligente e criativo, com suas diferentes e diversas invenções, que marcaram
a história de toda a humanidade. Estas invenções permeiam a nossa vida, nos
auxiliam em tarefas simples ou difíceis, que possibilitam para o ser humano
conforto e uma qualidade de vida melhor
“Hoje, pesquisadores já apontam para o estudo da inteligência existencial que se manifesta através da percepção do indivíduo em reconhecer que ele é um ser único e responsável pela sua própria história de vida”. (Antunes,1999).
No Brasil e no mundo, existem inventores motivados pela satisfação de criar e inventar novos mecanismos, que favoreçam a nossa vida e o desenvolvimento mundial.
Abordar os inventores aproxima as crianças para a realidade fazendo com que sejam motivadas pelo invento, dando oportunidade de pensar e criar invenções para a vida. Pois se analisar bem por toda parte há objetos inventados: em casa, na escola, no clube, nas cidades os quais utilizamos sem nos dar conta e facilitam nossa vida de uma maneira incrível. Já imaginou como seria viver sem luz, telefone, automóvel ou computador? Esses inventos só existem porque, um dia alguém deve a ideia de criar cada um deles. Por isso, surgiu o interesse em aprender sobre esses inventos que tanto utilizamos na nossa vida, possibilitando conhecer o fascinante mundo das invenções e seus inventores, estimulando a criatividade dos alunos e dando a eles oportunidades de serem criativos ao ponto de inventarem objetos e materiais para uma determinada finalidade, pensando sempre com consciência da importância da preservação do meio ambiente. Pois o avanço de tecnologias deve sempre andar de mãos dadas com a preservação do meio ambiente, para que os dois juntos busquem um planeta mais desenvolvido e sustentável.
“Hoje, pesquisadores já apontam para o estudo da inteligência existencial que se manifesta através da percepção do indivíduo em reconhecer que ele é um ser único e responsável pela sua própria história de vida”. (Antunes,1999).
No Brasil e no mundo, existem inventores motivados pela satisfação de criar e inventar novos mecanismos, que favoreçam a nossa vida e o desenvolvimento mundial.
Abordar os inventores aproxima as crianças para a realidade fazendo com que sejam motivadas pelo invento, dando oportunidade de pensar e criar invenções para a vida. Pois se analisar bem por toda parte há objetos inventados: em casa, na escola, no clube, nas cidades os quais utilizamos sem nos dar conta e facilitam nossa vida de uma maneira incrível. Já imaginou como seria viver sem luz, telefone, automóvel ou computador? Esses inventos só existem porque, um dia alguém deve a ideia de criar cada um deles. Por isso, surgiu o interesse em aprender sobre esses inventos que tanto utilizamos na nossa vida, possibilitando conhecer o fascinante mundo das invenções e seus inventores, estimulando a criatividade dos alunos e dando a eles oportunidades de serem criativos ao ponto de inventarem objetos e materiais para uma determinada finalidade, pensando sempre com consciência da importância da preservação do meio ambiente. Pois o avanço de tecnologias deve sempre andar de mãos dadas com a preservação do meio ambiente, para que os dois juntos busquem um planeta mais desenvolvido e sustentável.
ARTIGO
Educação ambiental, sustentabilidade e
ciência: o papel da mídia na difusão de conhecimentos científicos1
Environmental education,
sustainability and science: the role of media through the diffusion of
scientific knowledge
Samia Nascimento Sulaiman
Licenciada e bacharel em Letras, doutoranda em Educação. Investigadora,
TEIA-USP - Laboratório de Educação e Ambiente, Faculdade de Educação,
Universidade de São Paulo. São Paulo, SP, Brasil. <samia.sulaiman@gmail.com> Av. da Universidade,
308 Cidade Universitária, SP 05.508-900
RESUMO
São problemas de ordem ambiental: aquecimento global, mudanças
climáticas, escassez de recursos naturais, resíduo. Em resposta, têm sido
gerados novos saberes no campo da ciência, tecnologia e educação chamada
ambiental de modo a se proporem alternativas para que o homem possa
relacionar-se com o ambiente de maneira sustentável, e a mídia tem contribuído
sobremaneira na veiculação desses conhecimentos. Na imprensa escrita, revistas
e jornais têm criado seções, suplementos, cadernos tematizando educação e meio
ambiente. Produzida pela revista Carta Capital, desde 2006, a revista Carta na Escola busca difundir "atualidades em sala de aula", e de setembro de
2007 a agosto de 2008 publicou a série "Sustentabilidade na Escola",
com dez artigos relacionando sustentabilidade, ciência e educação. A partir do
referencial teórico-metodológico da análise dialógica do discurso, este artigo
analisa o discurso da sustentabilidade baseado na difusão de conhecimentos
científicos, proposto nessa série, e sua limitação enquanto estratégia de
educação ambiental.
Palavras-chave: Sustentabilidade. Ciência. Educação
ambiental. Mídia. Informação.
ABSTRACT
Global warming, climatic changes, scarcity of
natural resources, waste are problems of environmental order. As an answer new
knowledge has been generated in the fields of science, technology and
environmental education to propose sustainable way to relation between human
being and environment, and the media contributes intensively in the propagation
of these knowledge. The written press, magazines and newspapers have created
sections, supplements, and special editions about education and environment,
like Carta na Escola magazine,
produced for the Carta Capital magazine, since
2006. Between 2007 September and 2008 August, it published the
"Sustainability on the school" series with ten articles about
sustainability, science and education. This article analyses the sustainability
discourse through the diffusion of scientific knowledge. and focus the
limitation of this propose to environmental education. We selected the dialogic
language theory, or dialogism, like theoretical and methodological reference
for discourse analysis.
Keywords: Sustainability.
Science. Environmental education. Media. Information.
Introdução
A questão ambiental tem sido tema de debates em diversos eventos
internacionais, como as conferências da Organização das Nações Unidas ONU,
ocorridas em Estocolmo (1972), Tbilisi (1977), Rio de Janeiro (1992),
Thessaloniki (1997), Johannesburgo (2002). A necessidade de revisar a relação
homem-ambiente tem ganhado atenção dos governantes, da iniciativa privada, da
comunidade científica, da mídia e da sociedade civil.
Nessa perspectiva, têm emergido novos campos de conhecimento e ação
frente à crise ambiental, como o chamado jornalismo ambiental, com "um
enfoque mais ativamente educacional, esclarecedor e orientador das ações do
público, sem didatismos banais" (VILAS BOAS, 2004, p. 8), bem como a
educação ambiental, com a responsabilidade de educar para uma diferente e
sustentável relação humana com o meio ambiente (CARVALHO, 2004).
Ambos os campos têm apoiado suas atividades na divulgação científica,
entendida, de modo genérico, como uma atividade de difusão de conhecimentos
científicos para a veiculação das informações científicas e tecnológicas ao
público em geral, fora de seu contexto originário, por meio de um processo de
recodificação. Segundo Bueno (1984), realiza-se a transposição de uma linguagem
especializada para uma linguagem não especializada, com o objetivo de tornar o
conteúdo acessível a uma vasta audiência.
Esse "trocar a ciência em miúdos", segundo Reis (1982), tem
sido fundamental na compreensão da propalada crise ambiental contemporânea,
muito relacionada tanto com os efeitos nocivos do desenvolvimento científico e
tecnológico gases de efeito estufa, lixo tóxico, insumos agrícolas quanto com o
avanço da tecnologia limpa para a sustentabilidade biodiesel, reciclagem,
agroecologia. Todas essas questões educação, sustentabilidade e ciência estiveram
presentes na revista educativa Carta na Escola2 que, de setembro de 2007 a agosto de 2008, publicou dez artigos dentro
da série "Sustentabilidade na Escola".
O presente artigo analisa os discursos da sustentabilidade propostos
nessa série no que tange à relação entre difusão de conhecimentos científicos e
educação ambiental, tendo como referencial teórico metodológico a análise
dialógica do discurso, ou dialogismo, proposto pelos teóricos russos Mikhail
Bakhtin, Valentin Voloshinov e Pavel Medvedev.
Imersa na Revolução Russa e no materialismo histórico, a teoria do
dialogismo não considera a significação como dada, mas criada no processo de
complexas relações dialógicas entre linguagem e sociedade. Nessa abordagem, o
texto é objeto linguístico-discursivo, social e histórico; e a palavra não é
uma unidade neutra: "cada palavra evoca um contexto ou contextos, nos
quais ela viveu sua vida socialmente tensa; todas as palavras e formas são
povoadas de intenções" (BAKHTIN, 2003, p. 100).
Este trabalho busca contribuir com o campo da educação ambiental,
reconhecendo o papel dos meios de comunicação para a consciência e ação social
em prol do meio ambiente e a necessária análise crítica sobre o discurso do
conhecimento científico disseminado para esse fim.
O papel dos meios de comunicação para a Educação Ambiental
A escola é o lugar social da educação; no entanto, a educação escolar
não é a única fonte de aprendizado do ser humano, é um momento no decorrer do
processo múltiplo de sua socialização. Os espaços escolares, concebidos
historicamente como espaços formais de educação, são uma parte do conjunto
social de espaços com os quais convivemos e interagimos cotidianamente. Mesmo
antes da internet e da globalização, McLuhan (1968, p. 17-18) afirmava que
"a quantidade pura e simples de informações transmitidas pela imprensa,
revistas, filmes, rádio e televisão excede, de longe, a quantidade de
informações transmitidas pela instrução e pelos textos escolares".
Para o autor, os meios de comunicação são entendidos como extensões dos
sentidos e das faculdades humanas; no entanto, são agentes "produtores de
acontecimentos", e não agentes "produtores de consciência" (McLUHAN,
1968). Corroborando essa argumentação, Melo (1973, p. 123) afirma que o
conteúdo veiculado pelos meios de comunicação "é refletido, digerido,
analisado dentro dos grupos, vindo daí a adoção de opiniões e atitudes".
Essa perspectiva ampliada das fontes de informação e educação de nossa
sociedade concebe o conceito de espaços educadores caros à Educação Ambiental,
como afirma a nossa Política Nacional de Educação Ambiental3(BRASIL, 1999).
Segundo o Programa Municípios Educadores Sustentáveis do Ministério do Meio
Ambiente MES (2005), esses espaços demonstram alternativas viáveis para a
sustentabilidade e são educadores porque estimulam ações individuais e
conjuntas em prol da coletividade. Entre eles se inserem os meios de
comunicação.
Carvalho (1989), em sua tese de doutorado intitulada "A temática
ambiental e a escola de 1º grau", apontou que dos 236 professores que
devolveram o questionário de sua pesquisa, 121 (51,27%) responderam
afirmativamente à pergunta "Você já ouviu falar em Educação
Ambiental?" Desses, 55,8% haviam tido conhecimento sobre o termo
"Educação Ambiental" a partir do que o autor denominou de sistema de
comunicação social imprensa escrita (26%), televisionada (18,2%), falada (4,6%)
e sem especificação (7%).
A problemática ambiental, de fato, ganhou notoriedade e relevância
social por meio da mídia, que rapidamente difundiu temas como: mudança
climática, aquecimento global, biodiversidade, ambientalismo, sustentabilidade,
cidadania ambiental. Especificamente no Brasil, o jornalista Vilas Boas (2004)
afirma que, com a Eco-92, criou-se a necessidade de se formarem jornalistas
ambientais, aptos a discorrerem, com habilidade, conhecimento e visão
sistêmica, sobre as temáticas que envolvem a causa ambiental; e de se
fortalecer o chamado "jornalismo ambiental", que reconhece a
contribuição informativa e formativa da mídia em prol de um novo projeto de
civilização.
A plataforma das 21 ações prioritárias da Agenda 21 Brasileira (2004, p.
34) entende que a sustentabilidade exige uma dimensão comunicativa, e coloca a
necessidade de se mobilizar o papel relevante de pedagogia social dos meios de
comunicação televisão, rádio e jornal para veicular informação de interesse
social, produzir campanhas voluntárias de esclarecimento, gerando notícias
capazes de conscientizar a opinião pública sobre a necessária mudança de
comportamentos.
Em consonância, o Programa Nacional de Educação Ambiental PRONEA (2005)
teve, como um de seus objetivos, "promover campanhas de Educação Ambiental
nos meios de comunicação de massa, de forma a torná-los colaboradores ativos e
permanentes na disseminação de informações e práticas educativas sobre o meio
ambiente". É evidente o papel educativo da mídia, sobretudo frente à
problemática ambiental contemporânea; porém, há que se analisar estratégias e
conteúdos abordados.
Belmonte (2004), em seu artigo "Menos catástrofes e mais
ecojornalismo", aponta a necessidade de cobertura de informações
ambientais de qualidade e defende o debate público sobre a questão ambiental, e
não apenas enfoques superficiais, baseados em sensacionalismo, terrorismo,
colocando o meio ambiente na audiência do espetáculo, e não da educação.
Para Fonseca (2004), o papel do jornalismo ambiental não é repetir o já
sabido com discursos generalistas numa militância panfletária, mas contribuir
na difusão de informações pertinentes para que a sociedade possa,
primeiramente, conhecer os problemas em suas complexidades, para, então,
articular soluções. Veicular descobertas e inovações do campo da ciência e da
tecnologia é uma possibilidade; contudo, sem tratar o discurso da mídia com
neutralidade, nem o conhecimento científico com dogmatismo:
na educação escolar,
a seleção entre os saberes e os materiais culturais tem por meta torná-los
efetivamente transmissíveis e assimiláveis. Todavia, outros ecossistemas
educativos irão determinar novas formas de produção, reprodução e apropriação
do conhecimento. É o caso, por exemplo, dos espaços de educação não-formais e
informais, como os museus de ciências, os programas educativos no rádio e na TV
e os meios impressos como jornais e revistas. Nesses casos também os saberes
científicos são selecionados e passam por processos de reorganização,
tornando-os passíveis de sentido para o conjunto dos indivíduos. (KRASILCHIK;
MARANDINO, 2004, p. 30)
Partindo dessas proposições, este artigo apresenta a análise dialógica
do discurso da sustentabilidade veiculado pela revista Carta na Escola, por meio da série
"Sustentabilidade na Escola", enfocando a relação entre educação
ambiental e conhecimento científico proposta na série para que os professores,
público-alvo da revista, abordem o tema da sustentabilidade em suas salas de
aula.
O conhecimento científico no discurso midiático para a sustentabilidade
Em setembro de 2007, a revista Carta na Escola lançou a série "Sustentabilidade na Escola", com o objetivo de
"contribuir com novos pensares sobre velhos pesares", como afirmou o
redator-chefe Ricardo Prado (2007). No entanto, a partir da análise dialógica
do discurso, esses "novos" são resultado de um "velho"
processo histórico e trazem as "vozes sociais" que permeiam o
discurso da sustentabilidade.
A série - sob autoria de Evaristo Eduardo de Miranda, agrônomo, ecólogo
e pesquisador da Embrapa Monitoramento por Satélite - foi composta de dez
artigos (Quadro 1), sempre
ocupando duas páginas, estilizadas como papel reciclado e com cabeçalho na cor
verde. A primeira interpretação do corpus, num recorte
quantitativo, partiu da análise de conteúdo sobre a abordagem do tema da
sustentabilidade, que foi preponderantemente ligada à área de ciências, mais
especificamente ao campo da ecologia. Categorizamos 5 unidades de análise:
aquecimento global (30%), agroenergia (50%), água (20%), resíduo (20%) e
produção alimentar (10%).
A partir dessas cinco unidades de análise, passamos à segunda parte de
interpretação dos dados, a qualitativa, por meio do referencial
teórico-metodológico da análise dialógica do discurso sobre sustentabilidade. O
dialogismo funda-se no amálgama indissociável entre linguagem e sociedade4. Nesse sentido,
estabelecemos as relações dialógicas entre o discurso da sustentabilidade
apresentado pelo corpus e os discursos expressos em documentos nacionais e internacionais de
relevância para o campo da Educação e da Sustentabilidade.
As unidades de análise "aquecimento global" e
"agroenergia" foram centrais na abordagem da sustentabilidade nocorpus em análise (80%). Na 1ª matéria da série, "Nascimento de um
conceito", Evaristo Miranda (2007a) apresenta James Lovelock como um dos
precursores da ideia da sustentabilidade em escala planetária, por sua Teoria
de Gaia, apresentada simplificadamente no seguinte período: "Nessa teoria,
a Terra é vista, como um superorganismo, como um imenso ser vivo que age de
forma sistêmica" (MIRANDA, 2007a, p. 28).
O agrônomo argumenta que a mitigação do aquecimento global depende do
conhecimento das leis de termodinâmica, sobretudo em relação ao sol como única
fonte de energia renovável. Ele defende a "sustentabilidade verde",
apoiada na agroenergia da plantação de cana-de-açúcar, de florestas e de
biodiesel, que produz combustível renovável, menos poluente, créditos de
carbono5 e redução na importação de combustíveis.
Ambas as unidades aparecem novamente na 2ª edição, "Aquecimento
global: dez respostas". Nela Miranda (2007b) esclarece os processos
naturais e históricos de variação das temperaturas da Terra, que "sempre
ocorreram, porém, só nos últimos 200 anos os conhecimentos científicos
permitiram uma visão dessas mudanças climáticas na história do planeta"
(MIRANDA, 2007b, p. 24).
Além disso, desmistifica o alarmismo ligado ao efeito estufa:
Os principais gases
do efeito estufa são, pela ordem de contribuição: CO2(60%), CH4 (15% a 20%),
N2O (6%), O3, HFCs, PFCs e SF6. A preocupação atual é com alterações no efeito
estufa e não com o efeito estufa propriamente dito. (MIRANDA, 2007b, p. 24)
O autor retoma a questão da produção de energia:
Pode-se agir
essencialmente sobre causas humanas. São dois caminhos: reduzir as causas e
adaptar-se às mudanças. Para reduzir a emissão de gases de efeito estufa é
fundamental trocar o carvão e o petróleo por energias renováveis, como o
etanol, por exemplo. (MIRANDA, 2007b, p. 25)
"Aquecimento global" e "agroenergia" também são
relacionados na 10ª edição "Nós como falsos vilões" , em que Miranda
(2008f) defende a posição privilegiada do Brasil quanto ao baixo volume de
emissão de gases de efeito estufa:
Considerando-se quatro indicadores homogêneos de comparação: o valor
absoluto das emissões de CO2 e os valores relativos
por habitante, por quilômetro quadrado e por riqueza produzida o Brasil está
entre os que menos contribuem com esse fenômeno, segundo os dados de 2005 da
agência federal norte-americana Energy Information Administration e do Balanço
Energético Nacional. (MIRANDA, 2008f, p. 24)
Com esse discurso, o autor também critica o não-reconhecimento dessa
liderança brasileira frente ao aquecimento global e o discurso errôneo de dois
importantes espaços educadores: "A agricultura brasileira garante 28,5%
dessa energia renovável. Existe, porém, uma injustificável vitimização do País
neste tema, cultivada inclusive pela mídia brasileira e em salas de aula, aqui
e no exterior" (MIRANDA, 2008f, p. 25). O autor enfatiza, portanto, que
tanto os meios de comunicação como as instituições de ensino não têm
acompanhado os avanços no campo da ciência, o que, de certa maneira, justifica
a abordagem cientificista da série.
O recorte isolado da "agroenergia" dá-se na 6ª edição
"Florestas sustentáveis" , relacionado a patrimônio natural. O autor
apoia a sustentabilidade na lógica econômica, criticando o atraso brasileiro em
não valorar as florestas como capital natural. Sem gestão e investimentos, ele
prevê escassez de madeira, carvão e lenha para atender aos mais variados setores,
o que ele denominou de "apagão florestal":
Um bom começo para
ampliar a sustentabilidade florestal seria repensar o papel das florestas na
economia e na vida do País, facilitando o plantio para a produção comercial de
energia e madeira principalmente nas áreas de pastagem da Amazônia e protegendo
adequadamente o valioso patrimônio natural. (MIRANDA, 2008b, p. 51)
Essa abordagem prossegue na 7ª edição "Pouco sustentáveis".
Dentro do argumento científico, Miranda (2008c) afirma que "A energia
renovável é solar", e está na flora, o que é mais um argumento favorável à
"sustentabilidade verde". Contudo, apesar de abundantes e de
qualidade ambiental, as energias renováveis apresentam muitas desvantagens,
segundo o autor, que limitam e limitarão seu emprego futuro, e sobre as quais
pouco se reflete.
A primeira desvantagem apresentada é a fraca densidade energética da
agroenergia da cana-de-açúcar:
[...] se toda
cana-de-açúcar do Brasil fosse transformada em energia o que é impossível sua
palha, colmos, bagaço, álcool e açúcar representariam o equivalente à produção
de 1 milhão de barris de petróleo, enquanto a produção nacional ultrapassa os 2
milhões. (MIRANDA, 2008c, p. 28)
A segunda é a intermitência das agroenergias eólica, solar e
hidrelétrica, que variam em função de meteorologia, luminosidade e
disponibilidade de chuvas, respectivamente, e a última desvantagem relaciona-se
ao atraso tecnológico brasileiro.
O autor deixa evidente sua perspectiva de "sustentabilidade na
escola": ensino e apreensão sobre conhecimentos científicos e avanços
tecnológicos. No entanto, não se pode defender um processo educativo baseado na
simples transmissão e/ou assimilação de conhecimentos científicos sobre o
ambiente, partindo da premissa de que esses conhecimentos são suficientes para
se construir uma relação mais adequada dos sujeitos com o ambiente. Como
elucidam Krasilchik e Marandino (2004), a informação do campo da ciência
prescinde de apropriação crítica sobre fatores sociais, políticos, econômicos,
éticos, envolvidos na produção do saber científico, e suas implicações na
sociedade, o que as autoras definem como alfabetização científica:
O conhecimento e as
informações são a base necessária para analisar questões controversas que
incluem conflitos de interpretações e decisões, dependentes de valores pessoais
e sociais. Preparar o cidadão para pensar sobre as questões que permitem várias
respostas muitas vezes conflitantes demanda que ele seja alfabetizado em
ciências. Considerando que, de um lado, há um crescimento marcadamente amplo da
ciência e da tecnologia e, de outro, situações que agravam a miséria, a
degradação ambiental e os conflitos étnicos, sociais e políticos, é preciso que
os cidadãos estejam em condições de usar seus conhecimentos para fundamentar
suas posições e ações. (KRASILCHIK; MARANDINO, 2004, p. 34)
Sustentabilidade, no corpus analisado, é resultado de investimento tecnocientífico e de gestão
ambiental. No entanto, a defesa da agricultura moderna, ou do agronegócio,
apoia-se na produção em larga escala para um grande mercado consumidor, e
desconsidera a biossociodiversidade. Esse é o cenário da circularidade, onde
tudo possa continuar sendo feito do mesmo modo, desde que de um outro jeito
(SILVA, 1996).
Dessa forma, a população dominar o conhecimento científico, por meio de
uma vulgarização acrítica do discurso científico, também significa manter o
poder da ciência sobre a sociedade e legitimar seu caráter de
incontestabilidade e infalibilidade, o que deve ser avaliado e superado de
acordo com os princípios da Educação Ambiental6:
Em Educação
Ambiental, ciência e formação crítica precisam se relacionar de modo a
compreendermos sob que condições o saber científico se desenvolveu e a favor do
que e de quem, nos apropriando da base instrumental e reflexiva necessária para
a educação, para alteração objetiva das condições de vida da população e
reversão do processo de degradação e exploração das demais espécies e da
natureza como um todo, rompendo com dogmas e obstáculos à liberdade humana.
(LOUREIRO, 2004, p. 30)
A abordagem dos temas "aquecimento global" e
"agroenergia" na série "Sustentabilidade na Escola" foi
essencialmente científica, e ela dirigiu-se ao profissional da educação,
público-alvo do periódico. No entanto, esse profissional precisa compreender
que o ensino e a divulgação de Ciências devem ser encarados, pelo menos, a
partir de duas dimensões: em uma, considerar as implicações sociais do
desenvolvimento científico e tecnológico; e, em outra, analisar as relações da
evolução da ciência e tecnologia e da qualidade e do modo de vida em diferentes
comunidades. Ou seja, avaliar "as diferentes facetas relacionadas às
causas, possibilidades e limitações e perspectivas da ciência e tecnologia como
processo, como produto e como instituição social" (KRASILCHIK; MARANDINO,
2004, p. 42).
A unidade de análise "água" surge na 3ª edição "O lixo
não se desmancha no ar". Miranda (2007c, p. 20) identifica que "os
cursos d'água são considerados um enorme depósito, um digestor natural de
matérias cloacais", e combate essa crença por meio da premissa da Lei da
Conservação de Massas (Lei ou Princípio de Lavoisier): "Na natureza nada
se cria, nada se perde, tudo se transforma" (MIRANDA, 2007c, p. 20).
Para o agrônomo, essa frase ainda é pouco conhecida no Brasil e deveria
ser a base de todos os cursos de Educação Ambiental, pois "a ciência e a
razão devem combater os mitos e as mistificações, mesmo quando são
pretensamente ecológicos, revolucionários ou a favor do meio ambiente"
(MIRANDA, 2007c, p. 21). Segundo ele, o conhecimento científico é a forma de
pensar e agir na sustentabilidade:
Por isso, também é
errado, mesmo se com boas intenções, fazer afirmações alarmistas do tipo: a
água do mundo está acabando! Não somos capazes nem de criar quantidades
significativas de água nem de fazê-la desaparecer. A água torna-se escassa em
conseqüência do aumento da demanda ou do uso inadequado. Ela fica imprópria ao
consumo humano e animal devido à poluição, mas é a mesma quantidade de água
existente no planeta, há milhões de anos. (MIRANDA, 2007c, p. 21)
Já na 5ª edição "Você tem sede de quê?", o enfoque é a
qualidade das águas do abastecimento público, das fontes e das garrafas.
Miranda (2008a) apresenta a composição da água por dois gases, citando as
descobertas do francês Antoine Lavoisier e do italiano Alessandro Volta. Em
seguida, descreve os três estados da água e nove indicadores da qualidade das
águas7. O agrônomo
problematiza a gestão do recurso hídrico (da extração ao fornecimento),
colocando superficialmente questões como: a transposição do Rio São Francisco,
a "produção" da água e o tratamento de efluentes, a expansão de
sistemas de reúso e a cobrança da água proposta pelos comitês gestores de
bacia.
A quarta unidade de análise, "resíduo", é abordada na 4ª
matéria da série "O desafio dos quatro 'Rs'". A questão central é a
gestão sustentável dos recursos naturais que deveria incorporar os 4 Rs
(reduzir, racionalizar, reutilizar e reciclar) desde a produção ao resíduo,
subsidiada pelo Princípio de Lavoisier de Conservação da Matéria.
Por um lado, Miranda pondera a vantagem sustentável do uso dos
computadores "Teoricamente, reduzem-se o uso de papel, de produtos
químicos fotográficos e o gasto de combustível com viagens (de trabalho, de
casa para o escritório e até reuniões internacionais), entre outros"
(MIRANDA. 2007d, p. 30). Por outro, relaciona tecnologia com resíduo, por meio
dos neologismos E-lixo e E-poluição, o que o autor chama
de reverso da moeda: "a confecção dos componentes dos computadores demanda
materiais tóxicos que são, além de poluentes, bioacumulativos na teia alimentar
e altamente persistentes no ambiente" (MIRANDA. 2007d, p. 30).
Essa temática também é discutida na 8ª edição da série "Cidades,
escolas e moradias", que aborda
construções sustentáveis. Dentro da arquitetura, é explicitada a noção de
sustentabilidade ligada ao reaproveitamento de resíduos inertes, uso de
materiais menos poluidores como o cimento verde, o CP II e III , eficiência no
uso e reúso da água, energia renovável, na lógica da diminuição do impacto
ambiental:
Na casa sustentável,
a bioarquitetura e a bioconstrução valorizam os recursos naturais locais,
aproveitam materiais oriundos da reciclagem de edificações demolidas, evitam
produtos tóxicos e embalagens descartáveis, cuidam da gestão da água da chuva e
das águas residuais, utilizam a energia solar, integram as áreas externas e
áreas verdes com o funcionamento interior das residências e adotam sistemas
construtivos sustentáveis. (MIRANDA, 2008d, p. 28)
A última e menos abordada unidade de análise é a "produção
alimentar", que aparece na 9ª matéria. Com um título questionador
"Como alimentar o mundo?", o articulista
descreveu um cenário negativo da atualidade para a garantia alimentar da
sociedade contemporânea: número cada vez menor de agricultores, crescimento
econômico global, incremento da renda das famílias, ocidentalização do hábito
alimentar de asiáticos e africanos, e o uso de matérias-primas agrícolas para a
produção de biocombustível. Mas nenhuma dessas causas foi discutida, nem mesmo
os biocombustíveis que foram defendidos 80% dos textos, sob as unidades de
análise "aquecimento global" e "agroenergia" sem uma
análise crítica e complexa sobre seu impacto para a produção agrícola de
alimentos e ração animal.
Ao contrário, o articulista apresenta três grandes caminhos para atender
à demanda por alimentos, nem todos com a mesma sustentabilidade: ampliar a área
cultivada, aumentar a produtividade da agricultura e implementar novas opções
de produção. Nessas 2 últimas propostas, Miranda (2008e) indica a agricultura
orgânica e de organismos geneticamente modificados (OGMs).
A produção de transgênicos tem maior abordagem na matéria, tanto
quantitativa, com o dobro do espaço dos orgânicos, quanto qualitativa, com
diversas justificativas de sustentabilidade: diminuição do uso de agrotóxicos,
menores custos e maior produção. Todavia, não foram enfatizados os impactos
para o ambiente e para a saúde humana da produção de um elemento modificado; o
alto custo da importação de sementes; a uniformização vegetal pela monocultura
e pelo agronegócio; bem como a soberania do conhecimento tecnocientífico sobre
as culturas agrícolas nativas.
Sobre esse impacto, Shiva (2005) observa como a biotecnologia na Ásia
processou uma política de extinção do saber e cultura locais e apresentou a
monocultura como único sistema produtivo e rentável, pelo seu valor no mercado:
as variedades nativas, ou espécies autóctones, foram consideradas como sementes
primitivas; enquanto as variedades criadas via alta tecnologia, avançadas ou da
elite.
A monocultura agrícola, dessa forma, descarta uma pluralidade de
caminhos para se conhecer e interagir com a natureza, o que a autora define
como "monocultura da mente". Nesse cenário, o sistema ocidental é
considerado o único, verdadeiro e universal, afirmando uma política de trânsito
de capital e conhecimento dos países centrais para os periféricos ou, como
identifica a autora, de transferência dos países detentores de tecnologia para
os detentores de biodiversidade.
Assim, à reflexão crítica sobre o conhecimento científico e suas
implicações na sociedade, soma-se a reflexão sobre seu papel na construção da
ideia-ação de sustentabilidade. No Dicionário Michaelis (1998),
sustentabilidade significa "qualidade de sustentável", e este
adjetivo refere-se ao "que pode ser sustentado". Segundo Bourdieu
(2000, p. 15), "o que faz o poder das palavras e das palavras de ordem,
poder de manter a ordem ou de a subverter, é a crença na legitimidade das
palavras e daquele que as pronuncia, crença cuja produção não é da competência
das palavras".
A palavra "sustentabilidade" populariza-se e legitima-se com o
"Relatório Brundtland, nosso futuro comum"8, sendo
relacionada a desenvolvimento. O então desenvolvimento sustentável é
"aquele que atende as necessidades do presente sem comprometer a
possibilidade de as gerações futuras atenderem a suas próprias
necessidades" (COMISSÃO MUNDIAL SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO,
1988, p. 46), tendo dois conceitos-chave:
. O conceito de
"necessidades", sobretudo as necessidades essenciais dos pobres do
mundo, que devem receber a máxima prioridade;
. A noção de
limitações que o estágio da tecnologia e da organização social impõe ao meio
ambiente, impedindo-o de atender às necessidades presentes e futuras (COMISSÃO
MUNDIAL SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO, 1988, p. 46).
O primeiro conceito centraliza a pobreza como uma das principais causas
da degradação ambiental, e não toca na discussão sobre a diminuição do materialismo
e do consumismo. Nesse aspecto, legitima-se o próprio capitalismo e a expansão
constante do sistema industrial. O segundo conceito intensifica as políticas de
investimento em ciência e tecnologia sustentáveis e sua transferência.
Necessidades e limitação tecnológica fazem referência direta a controle
social e natural dos países periféricos. Essa é a linha que permeia a série
"Sustentabilidade na Escola": de um lado, pelos transgênicos que, com
produção em larga escala a custo reduzido, resolvem as "necessidades";
de outro, pela agroenergia que, com investimento e importação de conhecimento,
supera a "limitação tecnológica".
Para Lima (2003), temos um "conservadorismo dinâmico" que
representa obstáculo à concepção e implementação de uma proposta complexa e
transformadora de sustentabilidade, que não seja liderada pelo mercado, não se
apoie em mudanças técnicas e demográficas, não seja reducionista e, portanto,
necessariamente insustentável.
A análise dialógica do discurso da sustentabilidade veiculada na série
"Sustentabilidade na Escola", a que procedemos neste artigo,
evidencia, portanto, a limitação de se difundirem conhecimentos científicos e
avanços tecnológicos para defender um processo de sustentabilidade sem uma
abordagem crítica sobre a quem se dirige esse discurso e quem se beneficia com
ele, sobretudo quando se trata de um discurso construído e direcionado para a
escola, como é o caso do corpus em análise.
Educação ambiental e sustentabilidade pela apropriação crítica do
conhecimento científico
A sociedade tem demonstrado ansiar pela partilha do saber da ciência e
da tecnologia, cujas descobertas reflitam na melhoria da qualidade de vida, do
ambiente e da saúde, para se alcançar a almejada sustentabilidade. Assim, além
do caráter informativo, a divulgação científica apresenta uma função educativa,
na formação de opinião pública qualificada, assumindo os contornos de uma
prática fundamentalmente comunicativa de vulgarização e mediação. Nesse
cenário, tem-se configurado um novo mercado de produção de revistas educativas
que tematizam, entre outros aspectos, a formação científica e ambiental dos
professores, ligada à temática da sustentabilidade, como é o caso da revista Carta na Escola, aqui em estudo.
No entanto, a divulgação científica é um recurso de mídia que opera como
uma força de reconhecimento e legitimação dos círculos de saber, conferindo à
atividade científica um lugar de prestígio e poder. O conhecimento científico é
historicamente arquitetado, "estando implicado nas relações sociais, políticas,
econômicas e ideológicas das sociedades onde é produzido" (KRASILCHIK;
MARANDINO, 2004, p. 20).
Por isso, embora seja comum advogar a natureza conciliatória da
divulgação científica que cumpriria a função social de aproximar o homem leigo
dos saberes e conhecimentos historicamente excluídos da laicidade e, cada vez
mais, restritos a comunidades fechadas, "é preciso ver na atividade de
divulgação mais do que uma forma de lançar pontes de trânsito entre o saber
institucionalizado e o não-saber laico" (ZAMBONI, 1997, p. 63).
Nos dez artigos da série "Sustentabilidade na Escola",
apresenta-se o papel da ciência e da tecnologia para a construção da
"sustentabilidade verde". Nesse sentido, a educação ambiental
proposta apoia-se na legitimidade do conhecimento científico, representado
pelas leis da termodinâmica, colocando a agricultura moderna como caminho para
a sustentabilidade no Brasil. Como referência, está a eficiência na produção de
alimentos e de energia limpa e renovável, que se materializa, nas explanações
de Evaristo Miranda, nos alimentos transgênicos e na agroenergia.
No entanto, o articulista coloca a responsabilidade dessa nova forma de
produzir e consumir sobre o "livre-arbítrio" do consumidor, sem
considerar as desigualdades sociais, culturais e econômicas que limitam a
escolha individual: "Caberá ao consumidor, ao cidadão informado e ao
estudante bem formado, ciente de sua responsabilidade ambiental, indicar suas
preferências e pagar o preço necessário para atender suas exigências e hábitos
de consumo" (MIRANDA, 2008e, p. 33). À Educação Ambiental importa a
relação entre ensino científico e cidadania:
[...] em uma delas, o
aprendizado não pode ser pleno e completo sem considerar as implicações sociais
do desenvolvimento científico e tecnológico; e outra, é imperativo analisar as
relações da evolução da ciência e tecnologia e da qualidade e do modo de vida
em diferentes comunidades. Embora haja uma clara conjunção desses processos, a
educação qualquer que seja o nível e a instância em que se realize deverá fazer
com que os participantes analisem as diferentes facetas relacionadas às causas,
possibilidades e limitações e perspectivas da ciência e tecnologia como
processo, como produto e como instituição social. (KRASILCHIK; MARANDINO, 2004,
p. 42)
Na série analisada, foram enfatizadas a eficiência tecnológica, a gestão
ambiental e as mudanças de comportamento, com forte grau de normatividade e
prescritividade, abordagem que implica propostas de Educação Ambiental
centradas na formação econômica e técnica, não ética (CARVALHO, 2004; LIMA,
2003).
Esse é o problema identificado no corpus: um discurso da sustentabilidade, voltado ao público docente, com alto
grau de cientificismo e comportamentalismo, que se materializou, inclusive, na
linguagem, com novos termos para velhos pensamentos, como:
"agroenergia", para manter a monocultura, o agronegócio e a
exportação decommodities; "florestas energéticas" e
"apagão florestal", para valorar o meio ambiente e veicular a noção
de capital natural; "sustentabilidade verde", para sustentar a
produção energética pelo agronegócio.
O papel da escola em relação à sustentabilidade, segundo a série
analisada, é informar, aos alunos, sobre as inovações tecnológicas em relação
ao aquecimento global, ao efeito estufa, à produção de energia e alimentos, à
gestão da água e dos resíduos, desmistificando a problemática ambiental pelo
conhecimento científico.
É inegável o potencial e a contribuição da ciência, e isso deve fazer
parte do processo educacional. No entanto, temos um conceito limitado de
ciência, pretensamente neutra e objetiva, o que a torna dogmática, já que
indiscutível. Além disso, problematizamos a questão do otimismo tecnológico que
se coloca como panaceia para todos os males, principalmente os ambientais, e "recurso
mágico" capaz de inventar soluções para qualquer problema interveniente.
Ressaltamos, portanto, que a série traz uma abordagem sobre
sustentabilidade que precisa ser analisada e aprofundada pelo professor em sala
de aula. O material pode ser utilizado como exemplo de uma visão fragmentada
sobre a questão ambiental e suas consequências na formação da opinião pública,
já que foi veiculado em um meio de comunicação de massa.
Aos profissionais da educação, público da revista, cabe superarem
processos educativos ligados à assimilação passiva de conteúdos científicos
para simples mudanças comportamentais dos educandos, propondo reflexões sobre
que princípios e proposições alicerçam as descobertas da ciência e as inovações
tecnológicas. A eles também cabe a responsabilidade de discutirem os preceitos
e propostas de sustentabilidade para que pese tanto o desenvolvimento
tecnológico, científico e econômico quanto o desenvolvimento social, cultural e
ambiental.
CONCLUSÃO
Este artigo buscou mostra
o papel educativo dos meios de comunicação e tecnologias para informações e
conhecimentos científicos que sejam alternativos a degradação ambiental em que
vem se apoiando o desenvolvimento das sociedades modernas.
A ciência contribui
na produção de conhecimento e inovação para formas mais sustentáveis de
produção e consumo. No entanto, a ela deve-se somar, principalmente no campo
educacional, a reflexão sobre os princípios ideológicos que lhe fundamentam e
sobre sua relação com uma realidade de diversidades sociais, culturais e
econômicas, que tomou dimensão planetária.
A mídia informa, mas
a formação crítica passa por outros espaços e momentos que permitam a
construção de conhecimento e opinião. Evidenciamos um duplo movimento: é
importante que a escola esteja aberta às atualidades, e os meios de comunicação
é uma fonte de informações; mas os professores precisam analisar, com
profundidade, essas informações.
O papel da escola em
relação à sustentabilidade é informar, aos alunos, as descobertas científicas e
as inovações tecnológicas, e analisar suas lógicas de produção e seus impactos
econômicos e socioculturais; bem como evidenciar e comparar outras formas de
pensar e agir sobre o meio ambiente que não sejam submissas ao dogma de
"salvação" pela ciência e que também estejam sob o paradigma da
sustentabilidade.
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